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sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Carta

Querido,

O dia e a noite passam. Tento encontrar-me em mim. Percorri milhas interiores, naveguei oceanos de consciência, escavei buracos de solidão tudo enquanto me banhava de lágrimas de desprezo pelo que sou. Não me senti, não me olhei, tinha tanta dependência de mim que acabei por não me querer a mim próprio. Também o é o era mas não só, não chega.
À minha volta tudo estava e tu? Intermitente. Não consegui perceber se era aquilo que imaginava ser ou se alguma vez seria aquilo que queria ser. Confuso, tornei-me inútil. Empecilho de mim mesmo.

Vivia a noite imposta por mim e pelo tempo. Deste modo saí à minha procura. Encontrei-me? Não. Sozinho, eu? Não acreditei, que falta de hábito. Parecia que me tinha eclipsado de mim. Senti o frio da escuridão, o gélido pensamento nulo porém procurei sempre o quente da luz e o tórrido pensamento, fi-lo várias vezes. Nadas, encontrei muitos. Não existia hipérbole descritiva para tamanha desilusão. Era como um cão vadio sem tigela que andava a farejar rastos de mim mesmo. O meu eu, o dono, tinha largado a coleira apesar de ter ouvido o seu estridente barulho de queda.

Por mais que me encontrasse, não atingia aquilo que pretendia mas reconheci o problema.

Quem estava intermitente era eu, bastava encontrar-me para te encontrar.

Calma, a luz apenas se fundiu e a trela estava presa no poste.

Voltei, boa noite.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Como elas voam...

Arranquei uma folha
Dei-lhe liberdade
Era branca
Nada tinha de saudade.

Diga-se de passagem, agarrei-a. Ela se ergueu
Vontade de voar havia porém não a queria largar
O tempo passou, agarrando-a, questionei:
- Onde vais?

Sem hesitação:
- Vou onde as brisas incertas me levarem
Irei parar quando elas se esgotarem.

Confuso e inconformado, larguei-a.
Esperei, não voltou
Não sei por onde ficou.

Caí em mim, tinha agarrado a errada.

"- Larguei-a
Ventos a levaram
Talvez não a voltarei a ver...
Contento-me com as que ficaram.

São e eram todas brancas
O que as distinguia era a minha vontade de as ter
Aquela?
Larguei-a por querer."

Distração

Não lhe digo não
Sei que faz-me não viver o dever, de conhecimento obter ...

Permite-me vaguear
No ar de quem quer estimular
Trespassar na insinuação de quem pensa, sem sequer olhar.

Mentes de pensamento generalizado
Já não é como quem preenche um quadro, ninguém se pergunta:
Não estará isto errado!?
Não serei eu apenas mais irado?
Com um fado que me faz cair para o lado

Virose de conhecer
Onde quem não quer
Morre!
Por não padecer
Desta doença que toda a gente devia querer

Existindo desertores de conhecimento
Que de tão pouco saberem
Morrem cedo, nem souberam apreciar o momento.
Por não saber, como o fazer.
Uma das coisas que tinham recusado, foi o conhecimento que lhes permitiria viver.


Coisa simples, passou.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Pequeno Pensamento, o oitavo.

Boa noite,

Ousa pelo menos cometer uma loucura na tua vida, pois quem nunca louco foi.
Vivo ficou por ser. 

Cumprimentos aos interessados


Pequeno pensamento, o sétimo.

Boa noite,

As manifestações parecem o sorteio do Euromilhões. Acontecem semana a semana e eu só vejo os portugueses a queixarem-se dos números!

Cumprimentos aos interessados.

Ponto.



Inicio de tudo, continuação de tudo e final eterno do mesmo. É assim a vida do ponto que dá forma a todas as formas que vemos, calcamos e apalpamos, sem nunca esquecer a sua própria interdependência de si próprio pois um ponto é apenas um ponto constituído por outros pontos e isso dá-lhe eternidade temporal, pois a sua simplicidade específica permite-lhe estar em todo o lado com funções e aspetos diferentes.
A sua diversidade é atingível apenas por aquele que tentar decifrar a complexidade pontual que se estabelece num simples ponto. Garantido é que a desilusão cairá sobre ele pois nesse ponto de pequenez inquestionável, encontra-se constituído por outros pontos por decifrar, onde a perseverança de quem quer resolver este problema se esbate contra um muro porque afinal de contas não seremos nós pequenos de mais para tentar compreender uma realidade que de tantas coisas pequenas vive e que até para a grande humanidade torna-se difícil de decifrar, razão que nos leva a desistir e tentar apelidar a sua simples aparência como simplicidade.

Como é possível uma coisa tão simples e rotineira, ter um carácter tão complicado até mesmo na sua génese mais insignificante. Não sei, não percebo, é triste. Olho-me ao espelho e declaro que não atingi.

Se serei eu a resolver este problema do simples ponto?
Não, eu propus um problema para o qual não possuo solução. Irá ficar esquecido devido à rotineira vida que levo cheia de pontos e à ausência de tempo para os discutir.
Resta-me apenas voltar ao mundo dos pontos, olhar em volta e concluir que tentei.
Dizendo para mim mesmo da mesma forma de sempre:

- Continuarei a dar um redutor significado, à questão do ponto. Porque quando tentei dar-lhe outro mergulhei em questões infundadas que em vez de me proporem uma resposta, apenas me trouxeram mais questões e para viver num mundo onde as questões me afligem prefiro onde estou inserido porque esse, eu o conheço há algum tempo.

Cumprimentos aos interessados

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Horizonte de alcance pouco alcançável.

Ironicamente vai-se estabelecendo a distância entre um ser. Apara-se o tempo como se pode. Para-se o momento como quem nunca ansiou viver. Olha-se como quem come de fome. Toca-se como nunca se tocou. Esquece-se do esquecimento, imaginando o tempo que o vento um dia levou, esquecendo-o de seguida como se ninguém o tivesse imaginado. 

Tudo segue em sentido único para o aproximar daquele ser. Falta memória para ver o que se andou e ficou para trás, vagos fragmentos aparecem e se dá apreço ao momentâneo pensamento. Tudo o que era e é, foi um dia. Tudo o que um dia foi, era e é. Dilema de quem pensa, dúvida de quem vive. Resta esperar que entre ontem e hoje, amanhã me reconheça. Porque o tempo passa e não vai sozinho. Leva-nos, oxalá entre o passar de tempo, eu nunca tenho passado do tempo e ficado lá atrás expectante que alguém o vivesse por mim ou esperando por alguém que me fosse buscar.

Oxalá, entre ontem e hoje, amanhã me reconheça. Se tal não acontecer é devido à distância que criei entre mim e o meu ser.

O que me vale é que nesta vida, existem cartas que vão com a nossa vontade.

Eu mandei uma a mim mesmo, com aviso de receção. 

Sei que foi recebida. 

Agora pergunto-te: E a tua?


Cumprimentos aos interessados.

      

Pequeno pensamento, o sexto.

Boa noite,


Os portugueses manifestaram-se no sítio errado. Talvez não tivesse sido mal pensado terem feito isto em Berlim. É lá que reside o problema.


Cumprimentos aos interessados

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Só? Só, mais 5 minutos.

Olhava para o passado, queria que fosse hoje. Cara enrrugada, cansaço de vista, esquecimento de vida, perda de paladar, artroses de tempo e falta de ar. Era assim, seu triste fado. Encaminhava-se para o fim com a sintonia estritamente necessária, nenhuma nota falhava. Rim, falhou. Cabeça, falhou. Vista, falhou. Perna, falhou. Por tanta coisa falhar, nada falhava. Ainda sabia quem era, não todo o dia. Nesse bocado era infeliz. Preferia a parte do dia em que a constante ignorância de não saber quem se é, lhe alimentava a esperança de ser um jovem ser. 

Levantava-se por volta das 7h, saía e olhava à beira da porta, já ninguém lhe bate. Apenas o vento de inverno o visita e nada tem de simpático. É o antipático que vem sempre com a comadre chuva, não se percebe. Não trás nada com ele, só arrasta e desvasta. A meio da manhã esquecia-se quem era, sonhava de olhos abertos com as conversas que nunca teve à beira ria e com os cruzeiros de alto-mar onde trabalhou sol a sol.  Sentia a fome mas não sabia o nome, passava. Adormecia na cadeira de baloiço que rangia ao som do tango que um dia dançou em Espanha, lugar onde nunca esteve. Sonhou. 

A tarde trazia o cansaço da sua existência, ia dormir. Vivia pouco, o seu sonhar era a sua vida.

Não tinha forças para sair da cama. 

No leito da sua morte ninguém o percebeu, a gesticulação não se compreendia tamanha era a falta de dentes. 

Assim, ele sonhou e disse:

- Só? Sim, estou. Só, mais 5 minutos.

Ninguém apareceu porém ele sonhou que sim.

Valeu-lhe o sonho para escapar à solidão.


Sim, o coração falhou. Só?

Cumprimentos aos interessados.

 

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Homenagem

Boa noite,

A cobardia do ser humano nota-se quando se aproveitam dos inocentes, para fazer provar que mais alto valor se levantou. 9/11

Cumprimentos aos interessados.

domingo, 9 de setembro de 2012

Pequeno pensamento, o quinto.

Nasci num país onde a palavra que mais se associa à política é a incompetência.
Encontro-me exausto como eleitor e ainda nem comecei a votar.

Conclusão:
- começo a contribuir para incompetência generalizada.

Cumprimentos aos interessados

Pequeno pensamento, o quarto.

Boa noite,

Aos 18 anos sinto-me português.
Vivo na base dos poucos que tenho e todos dias descubro que me irão continuar a retirar muito.

Que fado.

Cumprimentos aos interessados.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

A corrida


Sob o ponto de partida
Ansiosos pelo disparo
Estão os autores da vida
Que irão correr sem amparo

Estranho é …
A vontade conjunta de dar um tiro no pé
Para atrasar a inevitável passagem de meta
Alongando assim a sua vida de treta

Além de ansiosos, também cobardes o são
Porque quem coragem tem para dar tiro no pé
Pouca vontade terá de se pôr em pé
Não dando o natural uso ao seu coração

Enfim, corrida desnecessária
No final lá estarei para os receber
Estendendo a mão com o prémio desejado
A morte a acontecer

Até porque a mim, já me calhou
E a cada vencedor da corrida
Trato de encaminhá-lo para quem o tanto quer
Deixando-me com sorriso irónico na meta, dizendo:
Parou, vós já ganhastes!

Pequeno pensamento, o terceiro.

Boa noite,

As relações entre as mulheres é parecido com os jogos sem fronteiras. Quando aparenta que a prova está a acabar existe sempre mais um obstáculo, sem nexo.


Cumprimentos aos interessados.


Pequeno pensamento, o segundo.

Boa  noite,

Vou dormir sendo austero, quero atingir o cúmulo. Não tenciono acordar, assim manda o novo pacote.


Cumprimentos aos interessados.


Roda viva.


O espaço entre olhos, deixa a memória refugada e afogada em esquecimento. Lembra a existência de algo. Era o feliz passageiro que prosseguia seu caminho parado e sentado, os quilómetros eram feitos pela velha barulhenta. A corrida do tentar chegar a tempo, o tropeção de atrasado, trautear de conversa esporádica,  lembrar do esquecimento do bilhete, a greve do dominador da velha e o perder da mesma, metiam-no numa roda viva.
O seu destino não era o mesmo que ela, mesmo assim serviam-se um ao outro. Eram razoáveis espetadores da vida, audazes na forma como ofereciam seu tempo um ao outro. Só que
inconformados pela falta de tempo, quando o tempo era tudo o que queriam. A velha necessitava dele para descansar e o passageiro precisava dela para chegar.

Rastos de vida por ali passaram e ficaram. Simples rasgões, pequenos pernoitares de cansaço e apesar de tanta necessidade um do outro, ninguém me tirava o alívio que sentia quando te deixava, velha.

Não voltava a olhar para trás porque sabia que quando necessitasse de ti, tu me voltarias a ir buscar.

Confiava-te o meu tempo.


Cumprimentos aos interessados.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Pequeno Pensamento, o primeiro.

Boa noite.


Acordei com vontade de tornar a minha torradeira num defesa esquerdo, entretanto a realidade caíu em mim. Descobri que não era o Jorge Jesus.

Cumprimentos aos interessados. 




quarta-feira, 15 de agosto de 2012

A estupidez do palavreado português (1)


Quem espera sempre alcança.

Acho que não é bem assim. Até tive que pensar pouco nisto.

Se eu esperar para passar para  o outro lado da rua, onde está aquilo que tenciono alcançar, dificilmente o meu esperar me fará alcançar o que se encontra no outro lado da rua. Essencialmente porque vou ficar no mesmo sítio e a outra coisa também, não se podendo alcançar uma à outra.

Queres um conselho?

Mexe-te, porra!

Acabando com um devaneio frásico curto (DFC) de minha autoria:

- O segredo está em quem acreditar. Não acredites na sociedade, acredita em ti.


Cumprimentos aos interessados.



Empurrão com pouca força.

Boa noite. 


- Ups, com licença.

- Deixem passar, por favor.

- Estou com pressa.

- Sai da frente, caral*#*#! 

- Posso? (É raro a pessoa fazer esta pergunta oralmente. Estou a referir-me ao que me dizem os olhos delas. Estão especadas a deduzir que não tem espaço para passar, julgam que eu tenho olhos nas costas ou na testa, então esperam que lhes seja oferecido espaço de forma involuntária.)

Isto tudo, exclamam as pessoas que por alguma razão se encontram apressadas. A culpa de tal pressa até pode ser de um atraso que apenas a elas lhes pertence mesmo assim insistem que outro o sinta. Gosto da parte do com licença. Retira alguma intensidade ao encosto e dá-lhe um ar mais requintado. Apesar de um encosto ser sempre um encosto, aqui não se fazem distinções de acordo com a técnica ou local onde se sucede tal fenómeno. Só que vou tentar, não me parece má ideia fazê-lo. 

No futebol, temos o encosto de ombro, em Portugal é falta. Nos outros países é encosto de ombro. 

Na discoteca, encosto moderado com as mãos acompanhados com gritos intensos e por mais que grites ninguém te ouve. No máximo pensarão que estás um pouco out porque a forma como curtes a música não é comum.

Numa avenida movimentada, não existe quase nenhuma forma estipulada de passagem. De qualquer forma muito gente parece uma verdadeira cobra a fazer uns quantos s's e z's, em pleno passeio. 

Nas filas em geral a situação é mais esclarecida. São ligeiros empurrões de incentivo para ajudar a pessoa da frente a deslocar-se, independentemente de não existir espaço. Não passa de uma provocação, digo eu. Que empurro.

Tudo isto, para chegar à conclusão que a largada de Paio Pires onde o touro manda um encontrão numa mulher embriagada não é nada, comparado com o encontrão do Luisão a um arbitro com medo de brasileiros.

Quem devia ser suspenso era o touro, agora deixo-vos no ar a minha dúvida ...

Qual deles?

Cumprimentos aos interessados.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Inconsequentemente, se estragou mais um estilo musical.

Boa noite.

Via com um futuro radioso os estilos musicais caribe e kuduro. Até hoje. A minha esperança de voar ao som destas músicas mais um tempo acabou. Como se não bastasse, foi num precipício que acaba num terreno árido e seco que me faz constatar que a falta de algo que alguém tem ou o excesso desse respetivo algo, talvez tempo livre e pouca utilidade para a forma como o utiliza. É perigoso.

Acabei sendo surpreendido com empreendedores de ideias com recursos que se decidiram aventurar na gandaia deste estilo musical, por sua conta e risco. Estranhamente no mercado português, utilizando uma linguagem que aparenta ser um português com nuances espanholas, acabando com um caliente pornográfico de promessa de vida louca. Digno, de uma coisa inter-racial, diga-se de passagem. 

Não era óbvio que se concretizasse uma asneira tão grande, apesar de toda a gente falar da enorme concorrência neste tipo de música. Eu tinha esperança, pelo menos que os autores estivessem quietos no seu canto. 
Não questiono a qualidade apenas constato que talvez não exista. Os cantores populares de ritmos minimamente audíveis e populares para o mais pequeno português ordinário devem sentir-se indignados.

Mesmo assim não deixo de salientar, que existiu uma notável tentativa de apostar numa letra de grande complexidade, tentiva essa que foi furada.

Louvemos quem tenta. É pena, que por este caminho vejo o futuro destes estilos musicais, deixar as suas naturais raízes bastantes seminuas enveredar num caminho de êxito puramente comercial, ausentando-se da qualidade intemporal que em tempos este estilo musical teve. 

E eu que na verdade nem gosto deste estilo de música. 

Só que, vozes de um pensamento irrefletido e infundado, sendo apenas caracterizado por um profundo vazio, na minha consciência pensante não passam de mero ruído.

Quando vi tanto ruído, não consegui ficar calado.


Cumprimentos aos interessados.

Ai que vida louca! (ruído)

terça-feira, 7 de agosto de 2012

O agradecimento.


O agradecimento
É por vezes um mero momento
Baseado em satisfação e em simplicidade absoluta
Atingindo apenas a sua origem
Quando temos uma disputa
Que vive de dois seres de luta

Um quer o agradecer do outro
O outro procura o agradecer do um
Mas lá no fundo ambos sabem bem o que verdadeiramente querem:
Apenas se querem um ao outro e não querem saber de mais nenhum.
Porque o que verdadeiro desejo já tinham obtido, tornarem-se um.  
                                                                                      
Xavier Vieira

O que é o amor?

Boa noite. 

Que raio de pergunta a que tento dar resposta, hoje. 

Sinto toda a falta de convicção que vou encontrar uma resposta. Penso que cada um tem a sua. Cada um vê as coisas pelo que elas são a seus olhos e não pelo que as coisas são em si mesmas. Falta-lhe objetividade e ainda somos catapultados para um ambiente de perfeição e complementaridade, que sorrateiramente nos dá a ilusão de estarmos a viver infinitos perfeitos, ignorando assim a indeterminação lógica que estamos a viver. Ilógica, é o amor. Não é esta a resposta que procuro. Quero outra! Pego de repente no companheirismo, no sorte partilhada, no tempo gasto com prazer, na esperança de algo melhor e na ausência de dor apesar de todo o amor não existir sem a presença dela. Amor que é amor, tem associado a si a dor que é viver com amor. Não é dor de aleijar, é dor de amar.

Confuso? Antes pelo contrário, sem conjeturar muito e esmiuçar todas as questões...

Chego à conclusão que me preenche.

O que é o amor? 

- Não é algo que se pense.


Cumprimentos aos interessados.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Heróis


Algo acontece naqueles que vivem
No fundo é uma lógica nativa
Que nos atravessa sem termos noção
Quando nos apercebemos, é tarde demais!
É uma clara contradição.

Este tempo, contempla os defeitos e as qualidades
Nem sempre na mesma proporção
E quando me recuo
Lembro-me daqueles que muitas vezes me deixaram a nu, sem coração.
Apenas limitado à palma da minha mão.

A vida é tendenciosamente uma cavaqueira burlesca
Prazer, ódio, paixão e gula.
Mas quando olho à minha volta
Infelizmente na maioria das vezes, apenas vejo uma depressão que perdura.

Pode ser uma proposta vazia, na sua génese
Que se vai preenchendo à medida que a linha temporal se constrói
Com as suas limitações, é claro. Principalmente devido aos desencorajados.
Apesar de tudo isto, aquilo que permanece e não desvanece
Serão sempre os que comigo, serão levados.


Xavier Vieira


(Des)Euforia

Boa noite. 

Aproveitando a boleia de quem se dirigiu a Londres para fazer algo, deduzi que não teria longas férias no estrangeiro e que sairia do avião na primeira ronda, rumo a casa. O meu estado de euforia fazia-me lembrar os velhos tempos áureos de esperança eterna numa entidade transportadora aérea, que me levaria a outros destinos. Permitir-me-ia ausentar-me daquele que estado de (des)euforia que se vivia no país da cauda pomposa da velha Europa. Dentro do avião olhava para o afastamento com alívio e ansiedade. Sabia o que estava a deixar para trás, problemas, dívidas, pessoas e até a vontade de voltar. Tudo ficava naquele pequeno armazém que tinha alugado, provavelmente roubado por larápios que andavam a rondar a zona há 15 dias. Olhavam-me de lado, porque aparentava ser mais um fugitivo. Retribuía o olhar porque me pareciam omnipresentes no que toca a olhar para o meu armazém. Tínhamos uma coisa em comum, apenas essa. A vontade de fugir. Só que eu ao contrário deles, tinha bilhete. Existia trabalho, consistência, esforço e regularidade. Eles continuavam com a filosofia de ser pessoas com um conjunto de oportunidades, nem que fossem aquelas de saquear a mala ao virar da esquina ou de esticão de mão por ouro.

Bem aproveitadas e no meio de tanto atrapalho, algumas escapavam ao Inspetor. Sem esquecer o processo encravado que lhe dará mais tempo para surgirem outras oportunidades. 

No meio de tanto (des)euro, (des)coerência, (des)folhear e de (des)fragmento. 

Decidi  ir embora, deixando um recado aos larápios:

-  Homem de negócio, não é aquele que espera o telefonema. É o que liga.

De certa forma, liguei-lhes. (tinha deixado a chave do armazém na fechadura)

Disse, com prazer: 

- Negócio Fechado. 


Cumprimentos aos interessados.

domingo, 29 de julho de 2012

Sebastião

Adolescente de ilusão e ambição desmedida
Ainda nem a puberdade
Podia ser considerada uma aparecida. 

Nascido sob um temporal de dúvida e necessidade
Que acreditaria naquele, que apesar de tenra idade
Estaria para chegar
Para uma simples pátria lusitana, salvar.  

Que de tanto desejado ser
Acabou por se eternizar
Por azar de desaparecer
Acabou por aparecer  
E para ficar!

Não por aquilo que fez
Mas sim por aquilo que deixou por fazer
Conseguir levar o adversário a querer …
Matar, matar e matar!
Apenas pela simples obtenção de poder!
E ter o prazer de acabar com um Rei português apenas pela possibilidade de o puder fazer. 

Pela infelicidade de todos aqueles que o acompanharam
Que num mero deserto ficaram
Na pequena luta que acabaram a guerrear
Com o sultão, verdadeiro líder daquele lugar
Fica então a dúvida que todos ausentados, tiveram que levar ...

Ao lado de seu rei ingénuo mas esperançoso, desapareceram no nevoeiro
Dizia-se que: 
Alcácer-Quibir parecia um coveiro!
Tempos e lutas combalidas
Acabando assim em muitas vidas portuguesas perdidas.

De tantos portugueses enterrar
Louvado foi, por nevoeiro levantar
E a dúvida deixar ficar
Para aqueles que ainda quiserem … Acreditar!
Que o mais confiante e ambicioso, estará constantemente para chegar.

Acreditar …
No reaparecimento ingénuo
Daquele que por tão ingénuo ser
Não passou apenas por ser mais um a desaparecer.

Entre as nuvens que trazem aquele que de tanto acreditar 
Tão rapidamente viveu, como desapareceu
Deixando apenas ficar
Mais uma memória que nunca morreu.

Essa que alimenta o português passado, presente e futuro
Deixando assim um orgulho de pátria
Que esperemos que perante qualquer dificuldade
Não se torne uma sátira.


Sátira,
Que com um furo acabará
Que de tanto utilizada ser
Acabou por se deixar morrer, olha já está. 


Reformando-se assim dos seus costumes e acomodes
Restando-lhe acreditar
Na palavra que um português eterno
Quererá sempre levar ...

Apesar de a sua vontade ser, continuar a dizer: Nunca mais me incomodes!
E por muita vontade que teremos pelo seu chegar
Mais vontade, terá ele de se ausentar.

Na sua simples algibeira de vida
Esperando pela ingénua esperança que demorará sempre a chegar
E que por muito esforço que faremos, se resumirá numas palavras:
Destruída e sem sítio onde pousar.


Xavier Vieira