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domingo, 29 de julho de 2012

Sebastião

Adolescente de ilusão e ambição desmedida
Ainda nem a puberdade
Podia ser considerada uma aparecida. 

Nascido sob um temporal de dúvida e necessidade
Que acreditaria naquele, que apesar de tenra idade
Estaria para chegar
Para uma simples pátria lusitana, salvar.  

Que de tanto desejado ser
Acabou por se eternizar
Por azar de desaparecer
Acabou por aparecer  
E para ficar!

Não por aquilo que fez
Mas sim por aquilo que deixou por fazer
Conseguir levar o adversário a querer …
Matar, matar e matar!
Apenas pela simples obtenção de poder!
E ter o prazer de acabar com um Rei português apenas pela possibilidade de o puder fazer. 

Pela infelicidade de todos aqueles que o acompanharam
Que num mero deserto ficaram
Na pequena luta que acabaram a guerrear
Com o sultão, verdadeiro líder daquele lugar
Fica então a dúvida que todos ausentados, tiveram que levar ...

Ao lado de seu rei ingénuo mas esperançoso, desapareceram no nevoeiro
Dizia-se que: 
Alcácer-Quibir parecia um coveiro!
Tempos e lutas combalidas
Acabando assim em muitas vidas portuguesas perdidas.

De tantos portugueses enterrar
Louvado foi, por nevoeiro levantar
E a dúvida deixar ficar
Para aqueles que ainda quiserem … Acreditar!
Que o mais confiante e ambicioso, estará constantemente para chegar.

Acreditar …
No reaparecimento ingénuo
Daquele que por tão ingénuo ser
Não passou apenas por ser mais um a desaparecer.

Entre as nuvens que trazem aquele que de tanto acreditar 
Tão rapidamente viveu, como desapareceu
Deixando apenas ficar
Mais uma memória que nunca morreu.

Essa que alimenta o português passado, presente e futuro
Deixando assim um orgulho de pátria
Que esperemos que perante qualquer dificuldade
Não se torne uma sátira.


Sátira,
Que com um furo acabará
Que de tanto utilizada ser
Acabou por se deixar morrer, olha já está. 


Reformando-se assim dos seus costumes e acomodes
Restando-lhe acreditar
Na palavra que um português eterno
Quererá sempre levar ...

Apesar de a sua vontade ser, continuar a dizer: Nunca mais me incomodes!
E por muita vontade que teremos pelo seu chegar
Mais vontade, terá ele de se ausentar.

Na sua simples algibeira de vida
Esperando pela ingénua esperança que demorará sempre a chegar
E que por muito esforço que faremos, se resumirá numas palavras:
Destruída e sem sítio onde pousar.


Xavier Vieira

Vale Azevidismo ou Socratismo, a escapatória pelo nevoeiro.

Boa noite.

Verifiquei que nos últimos tempos temos sido bastante repetitivos na forma como construímos a nossa controvérsia história. Aparentemente as nossas relações de dois cumes apresentam sempre algumas semelhanças com os mitos longínquos que a nossa história escreveu um dia. Talvez nos falte inspiração para algo mais ou as circunstâncias e erros culturais continuem a ser os mesmos, apesar de toda a evolução de valores e recursos que a sociedade portuguesa tem tido. Não vejo criatividade para a criação de novos mártires salvadores. 

Lembro-me do primeiro como se fosse hoje, o Sebastião. Prometedor porém inconsequente amigo da esperança e para piorar um pouco mais as coisas, ainda sofria da síndrome "vou mudar o mundo". Por outras palavras, ingénuo de ambição desmedida. Hoje ainda é vivo. O subconsciente histórico desenvolveu-se de tal maneira na população portuguesa que se tornou fácil ver um Sebastião a qualquer esquina onde o manto de nevoeiro se mantenha. O depósito de esperanças para um português é um murro no discernimento. É preciso existir esperança... Nem que seja num D. Sebastião que aparecerá passado milhares de anos e nós tirará a todos da vida menos boa que obrigatoriamente temos que levar. 

Pode mudar de nome, ter um aspeto diferente, falar bem e até convencer-nos que a ilusão que nos é dita é simples realidade que apenas os iluminados conseguem ver, no entanto existe algo que não poderá mudar.

O facto de não ser o primeiro a aproveitar esta fragilidade cultural. 

Quem aproveitou não teve assim tão grande futuro. Foi apanhado e é ouvido o seu nome apesar de a distância que os separa da origem, com saudade porque em dia de nevoeiro lá voltarão.

O Sr. Azevedo tem tantos processos em tribunais portugueses que seria possível escrever três epopeias, e com o que sobraria podia-se preencher todo o apetite do Fernando Mendes.

O Sr. Sócrates foi procurar a França aquilo que não encontrou em Portugal, uma cambada de motivos para estudar filosofia. Digo-vos com toda a certeza, procurou mal. 

A esperança havia, só que o poder corrompeu o homem.

E com o homem corrompido a capacidade esvanece-se.

Cumprimentos aos interessados. 


terça-feira, 24 de julho de 2012

Duvidas da dúvida?

Dúvida da vida

A ausência do saber e a presença do querer
Torna-nos um ser que vive do sem saber
E vai vivendo do querer sem o saber
Porque nada sabendo, apenas se sabe
Que da existência do seu querer
Nada se sabe.

Através do querer sem saber ou sabendo
Chega o mexer
E é esse o que nos faz viver
Mesmo realizado num comum vivendo
Que a viver nos faz mexer por vezes sem querer.

Esta essência de não saber o que quero ser
Sem nada saber
Entre o ser e o não saber, o que se quer saber
Cria o sentimento de nada saber e tudo querer
Sem ter a certeza se, o que se quer: é o saber correto ou apenas um saber de momento.
O que fazer?
Viver.

Xavier Vieira
  

Má educação, algo deplorável.

Boa noite.

Existiam todas as condições para que de um dia normal se tratasse.

Fiz a minha lide diária e liguei a televisão num canal de notícias para me manter informado como qualquer cidadão. De repente, sem qualquer aviso prévio, nem notificação ou carta registada, mandam-me lixar. 

Fiquei incrédulo e comecei logo a formular várias hipóteses de quem possa ter cometido tal ato inconsequente:

- Alberto João volta a cometer uma gafe propositada e diz algo que não pode dizer, apesar de ninguém no continente o ouvir. Errado.

- Marcelo diz que viu e não fez nada mas comenta. Errado.

- Terá sido uma pessoa na praia a perguntarem-lhe pelo estado do país e em quem ia votar. Errado. 

- Jorge Jesus com algum verbo mal aplicado tentava explicar o porquê da ausência de um defesa esquerdo no Benfica. Errado.

- Mais um estrangeiro que chega ao Sporting e se enganou, quando tentava falar português. Errado.

- Futuro desempregado quando vê o subsídio que vai receber. Errado.

- Jovem licenciado quando vê mais uma oportunidade a fugir-lhe devido ao excesso de formação. Errado.

- Nova música de Michel Teló, um pouco mais estúpida. Errado.

Começava a ficar sem imaginação...

Decidi focar-me em quem estava a discursar, eram um homem alto de óculos e que afirmava estar a fazer dieta a par com os portugueses. A dele com saladas gregas e manhã no ginásio, a do português com pão e água acompanhado de uma corridinha para roubar o alimento.

Segui a passo de corrida para uma conclusão, era Passos Coelho!

Não acreditei naquele desvairo de quem escreve discursos. Alguma coisa estava mal, como é possível um primeiro-ministro dizer tal coisa ao eleitorado. Essencialmente porque lhe foi oferecido um tacho para quatro anos de vida agradável pelos contribuintes. Um homem que passeia, conhece novos sítios, novas pessoas, tem motorista, trata de participar em privatizações para garantir o seu futuro nos próximos anos e ainda tem a sorte de contar com uma oposição parlamentar muda, que anda a passear em terreno ardido e não sabe onde deve apagar fogos, pois chega sempre tarde ao local. Só pode dizer, AMO-VOS ELEITORADO.

Paradoxalmente era algo que eu sempre quis ouvir vindo de um político mas quando analiso bem o que foi dito sinto-me ofendido. Com uma grande vontade de dizer:

- Que se lixe, Passos. Tu tens o teu tacho, quero ver se também arranjo o meu.

Mais vos digo:

- Parece-me que a vida em Portugal é um espetáculo de entrada livre, onde ninguém quer entrar. Quase como a assembleia da república. (para assistir)

Cumprimentos aos interessados.


segunda-feira, 23 de julho de 2012

Caro leitor.

Deixemo-nos de formalidades, sinto alguma confiança entre nós. Sim, estou a  falar consigo caro leitor, não revire a sua cabeça 180º procurando outro responsável e principalmente não se deixe constranger pelo curto embaraço que acaba de passar ao ler isto, o mesmo que eu passei ao escrevê-lo. 

Sei que não saímos os dois a sós, não lhe paguei o tradicional café acompanhado de açúcar ou adoçante como preferir, talvez com pau de canela, sem esquecer a típica nata e os dois naturais dedos de conversa. O sol bate-nos e apreciamos a brisa originada pela cinética da vida, que por vezes nos obriga a perder o olho ao raciocínio, deixando uma conversa sem fim à vista, fugir-nos da vista. O tempo vai passando, não nos vemos. Constato que algo está a acontecer, não temos a necessidade um do outro ou nem nos lembramos o quão necessitamos um do outro. É a azáfama da vida, faz-nos esquecer. O sorriso nunca trocado é defeituoso, porque é imaginado, raios. Não existe. O viver partilhado nunca vivido também defeituoso o é, porque não pertence a nenhum tempo definido pela nossa existência. (passado, presente e futuro)  
Só o vejo no tempo que defino e chamo de sonho, aquele que em segredo todos gostaríamos de viver. 

Uma coisa é certa: 

- Planeado por nós, não foi. 

Nenhum de nós tentou chegar a horas porque não havia hora marcada. Dificuldade em encontrar o sítio também não existiu, não havia sítio.

É apenas fortuito encontro aleatório, aquilo que partilho consigo quer esteja nos EUA, Alemanha, Portugal ou Luxemburgo.   

Não tenhamos muita esperança que daqui iremos retirar uma grande relação e que singraremos juntos. Sejamos realistas, contentemo-nos com o que temos. 

A garantia que silêncios constrangedores entre nós nunca existirão.

Abraço


domingo, 22 de julho de 2012

A relva já não é o que era.

Boa noite. 

Sinto-me indignado, tenho saudades daqueles tempos em que a relva era um lugar coberto de gramado ou de ervas rasteiras. Em que podia andar e deitar-me por cima dela, apreciar aquele aspeto com tendências verdejantes que se atenuam consoante as estações do ano e o tino fino naturalmente recalcado por diversos animais. Sempre foi a relva que conheci, infelizmente há pouco tempo tudo mudou.

A relva está por cortar, apresenta-se com um aspeto asqueroso, não me dá vontade de meter o pé, (mesmo com botas calçadas) falta-lhe o cheirinho e ainda por cima parece que só reconhece duas estações do ano. (outono e inverno) Acabou por haver substituição do verde que a caracterizava por um amarelo enjoativo que lhe faz jus e corresponde à lata com que permanece no meu jardim. Penso que foi invadida também por fungos e bichos que começam a prejudicar a harmonia e equilíbrio do ecossistema fronteiriço e lateral da minha casa, porque a minha palmeira sem nada dizer, começa a baixar também as suas grandiosas folhas e existem boatos que se queixou ao cedro.

Lembro-me das promessas que me fizeram, esta relva está para durar uns quatro anos. Tem vários certificados e diplomas, até o próprio jardineiro dizia, por experiência de vida garanto-lhe que está garantida uma equivalência a gramão também. Com esta mistura nada engana!

Durante uns tempos fiquei convencido que poderia ter um jardim belo como o que estava no catálogo do jardineiro João, na verdade até tenho. 

Porém existe um enorme problema. 

Cada vez que olho para o meu jardim lembro-me de ti, Relvas.

Estragaste tudo, até o meu jardim.

Cumprimentos aos interessados.

Não apontem, é feio.

Boa noite.

Todos os dias tenho tendência a notar alguns erros de casting que a sociedade portuguesa tem nos seus costumes e na forma como educa os seus cidadãos. Hoje encontrei um!
Depois de pensar de forma superficial, pude constatar que podia estar na presença de uma pequena coisa que transforma a nossa sociedade naquilo que ela é. 
Talvez tenha encontrado, o porquê do português ser o primeiro a conformar-se e a deixar a indignação para o seu interior. Deixando aquele remoinho de vontades manifestar-se de forma irritante nas proximidades do seu estômago. 
Decidi então formular um ponto de vista um pouco redutor acerca do que depende a educação de um ser.
E de quem é toda a culpa?
É daquilo que os nossos pais nos ensinaram quando eramos pequenos. Lembro-me dos recônditos da minha infância e consigo interpolar-me até chegar à génese de tudo isto, a simples expressão "Não apontes que é feio!". 

Passeava pela calçada com todo o ar de ingénuo e via um senhor a pedir, surgia-me repentinamente sem pensamento nem raciocínio preparado, a dúvida. De seguida perguntava à minha mãe, apontando. Ela corrigia-me e dizia "Não apontes que é feio!", depois lá me tentava explicar o porquê daquele senhor estar ali. 

No fundo não tinha percebido bem o que se tinha passado, porque é que o meu apontar de dúvida e perceber que algo estava diferente, era errado?

Reprimir um ato tão natural como o apontar é errado, para mim esta atitude corresponde ao primeiro ato de grande responsabilidade cívica, onde a curiosidade leva à questão do porquê de algo ser diferente daquilo que é apelidado de comum.

O reprimir do ato consequentemente, leva a uma falta de frontalidade que está inserida na nossa sociedade de forma tão chata que até irrita.

"Não reclames. Não apontes. Não fales. Não penses assim. Não digas nada. Está calado que não é nada contigo." 

São alguns dos exemplos que infelizmente levam-nos ao rodopio de austeridade a que estamos sujeitos, porque aparentemente quando era preciso apontar e provocar desconforto a alguém, chegou-se alguém à frente e disse:

- Não apontes que é feio. 

Frase que interiormente, estou a ouvir na minha mente em uníssono com o acabamento deste texto. 

Ao que eu lhe respondo:

-  É feio mas tem que se fazer, porque senão o fizer mais feio isto fica. 

 
Cumprimentos aos interessados.


sábado, 21 de julho de 2012

Ups, está tudo a arder!

Boa noite. 

Sinto a minha cabeça incendiada de ideias em relação a este assunto que anda na baila. 
É algo que dá pelo nome de incêndio... Não sei se serei o único que viu a sua vida diária invadida por um bafo cheio de cinzas trazido pelos média acerca deste assunto. Arriscaria dizer que houve certos momentos em que me senti um guarda florestal, sabia tudo o que se passava no arvoredo e arredores de todo o país, principalmente naquele que não é limpo.  

Aparentemente, este flagelo afeta todo o país e ano após ano. As chamas que aparecem não são de esperança, porque queimam e destroem tudo.  

Face a esta pequena constatação, questionei-me:  
- Não será a altura de criar um fogo posto em algumas consciências?  

Isto ocorreu-me porque ao ver uma das reportagens onde pegaram no sofrimento e aflição de uma pessoa que me é desconhecida tive um pensamento:

Existe uma forma simples de diminuir a frequência destes acontecimentos e evitar que eu veja um colapso nervoso de uma pessoa em espaço televisivo.  E essa forma não podia ser mais simples, tratar as matas como tratamos os incêndios! (elementar meu caro Watson diria Sherlock numa situação destas) 

Talvez este alarido todo diminuiria, o que era bom para todos. Até porque ver alguém a berrar por causa de um incêndio é normal. So que se alguém berra devido à existência de uma mata que pode originar um incêndio, pensa-se que não tem mais que fazer.  

É caso para dizer, aparentemente muitas cabeças apresentam uma mata tão vasta que só dá vontade de lhes meter fogo.  Porque assim seria mais fácil evitar todo este tipo de situações.  

No final deste texto, acabei por pegar num fósforo e queimar a mata da minha consciência, espero que façam o mesmo.  

Sim, por momentos fui incendiário mas não faz mal a mata era minha e só tirei benefícios de tal ação.

Enfim, acabo com o último conselho da noite:

- Quem brinca com a mata, acaba por se queimar. 

Cumprimentos aos interessados.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Porque não, Baco? A vida é só uma.

Boa noite. Não vou entrar em contradição fazendo do meu primeiro post uma apresentação de mim próprio, nem daquilo que irei fazer.

Tudo isto para mim é claro, como o sol que me irradia os olhos pela manhã, porque eu não sou aquilo que escrevo. Sou apenas aquele que escreve.

Mais claro fica quando me apercebo que não sou pessoa de vos prometer regularidade de posts, entretanto já estou em riste, puxando os estores. (caso não tenham reparado, há pouco dizia que o sol radiava mas só agora é que puxei completamente os estores. É verdade, primeiro post e comecei a mentir.)

Pronto e como se devem ter apercebido, aparentemente comecei com o pé errado.

Porém digo-vos um simples DFC(devaneio frásico curto, terão tempo para perceber o que é) meu:

Qual é a única coisa que recentemente não parece dar equivalência a nada? A honestidade.

Lamento desapontar-vos no meu primeiro post mas uma coisa vos digo com toda a certeza.

- Talvez, até tenha começado com o pé correto.

Cumprimentos aos interessados.