Boa noite.
Aproveitando a boleia de quem se dirigiu a
Londres para fazer algo, deduzi que não teria longas férias no estrangeiro
e que sairia do avião na primeira ronda, rumo a casa. O meu estado de euforia
fazia-me lembrar os velhos tempos áureos de esperança eterna numa entidade
transportadora aérea, que me levaria a outros destinos. Permitir-me-ia ausentar-me
daquele que estado de (des)euforia que se vivia no país da cauda pomposa da
velha Europa. Dentro do avião olhava para o afastamento com alívio e ansiedade.
Sabia o que estava a deixar para trás, problemas, dívidas, pessoas e até a
vontade de voltar. Tudo ficava naquele pequeno armazém que tinha alugado,
provavelmente roubado por larápios que andavam a rondar a zona há 15 dias. Olhavam-me
de lado, porque aparentava ser mais um fugitivo. Retribuía o olhar porque me
pareciam omnipresentes no que toca a olhar para o meu armazém. Tínhamos uma
coisa em comum, apenas essa. A vontade de fugir. Só que eu ao contrário deles,
tinha bilhete. Existia trabalho, consistência, esforço e regularidade. Eles
continuavam com a filosofia de ser pessoas com um conjunto de oportunidades,
nem que fossem aquelas de saquear a mala ao virar da esquina ou de esticão de
mão por ouro.
Bem aproveitadas e no meio de tanto atrapalho,
algumas escapavam ao Inspetor. Sem esquecer o processo encravado que lhe dará mais
tempo para surgirem outras oportunidades.
No meio de tanto (des)euro, (des)coerência,
(des)folhear e de (des)fragmento.
Decidi ir embora, deixando um recado aos
larápios:
- Homem de negócio, não é aquele que espera
o telefonema. É o que liga.
De certa forma, liguei-lhes. (tinha deixado a
chave do armazém na fechadura)
Disse, com prazer:
- Negócio Fechado.
Cumprimentos aos interessados.
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