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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Um quadro.

Enalteço quem lá do alto
Procura em castelo de pedra
Retrato de moldura preciosa

Transpareço com olhar pendular
Com canseira de ansiedade
Pelo encontro e toque
Daquele quadro.

Revejo onde passo
E quem passou
Sendo claro vidente de evidências
Aquele meu presente enfadado

E deixo bem lá no alto
Meu quadro amado
Em quarto favorito
Para só por mim, ser apreciado e tocado.

Dando tempo ao tempo
De tempo em tempo
Nada fará com que o meu bom tempo, com ele acabe.

No caminho da vida, a exclusividade de mim, só a ele toca.

sábado, 26 de outubro de 2013

A criativa

Que me consome por dentro
Leva-me a lugares onde nunca estive e onde nunca vivi
Agarra-me a pessoas que anseio agarrar
Com toda a certeza que mais tarde ou mais cedo irei desesperar.
Com a sua ausência inoportuna
O que tornará ainda mais difícil prosperar,
Nesta triste vida que nos quererá sempre levar.

Essa ausência no meu coração ferido
Que me dói de tanto dorido.
De todas as vezes que me magoaram,
Principalmente naquelas em que necessitava da sua presença
E pena minha é que nesses alardos de tempo, apenas se ausentaram
Deixando uma mágoa que perdura como se fosse uma desavença
Que me consome por dentro como uma metáfora criada pela minha consciência
Que sobrevive enquanto a minha existência não for uma ciência.
Que se rende, deixando uma pura displicência.

Certo, é aquilo que eu não deixarei ninguém tirar-me
Os momentos incertos e vividos que proporcionei
Sem esquecer os que me proporcionaram
Por vezes meros fundos de nada
Fazendo deles uma recordação eternamente recordada
Que dependerá sempre dos outros nadas que os outros terão para me dar
Esperando sempre pelos ocupas que estarão dispostos a levar-me a vaguear
Por caminhos desocupados, que anseia ser viajados.
Por aqueles que vivem do viajar que é a vida, quando viajada o é.

Tentando lembrar sempre, os eternos ocupas do meu coração
Com uma homenagem, a seu jeito.
Onde quem me vive, viverá também
Nem que seja sempre num vaivém desfeito.
Onde a dúvida me aquece, quando a certeza me diz: bem feito!

Coisa que nunca irá provocar um desdém eterno
Porque afinal só sou aquilo que não sou
Quando os outros interpretam erradamente aquilo que sou.
Pois, aquilo que sou é essência da criativa.
Que me consome de tal maneira que até lhe posso chamar de vida.

Devaneio criativo diria o outro,
Esse outro que foge à responsabilidade diária que lhe atribuíram
Fugindo de todos os sentimentos que sente e protagoniza nos outros
Deixando sempre um final por adivinhar
Esperando por aquela  
Que um dia poderá querer arriscar

Arriscar o quê?
Atear um fogo de gládio no seu coração.
Transformando assim o seu audaz talento e sofrimento
Em mais uma obra, com alguma repercussão.
Deixando-o sempre assombrado por um estado de solidão.
Pois, quando se olha ao espelho quebrado de paixão
Apenas conclui: Sozinho viverá e só morrerá.
Sem nunca descobrir a futura ocupa do seu coração.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Rosa do Mar

Vagueia a pétala
Subindo colinas
Lapidando planícies
Colorindo noites

Flutuando mares
Iluminando grutas
Preenchendo paredes
Apagando dores

Sem agoiro algum
De vento tenebroso
Nem de temporal malicioso

Ela vai.
Omnipresente,
O rasto persistente
Inócuo de desistência
Com rasto permanente
E louvor à insistência
A leva...

Nunca só, estará.
Ela é incomum
É especial para quem a sopra...
Por algum motivo nunca cairá.

Terás sempre direito à nossa brisa, bela pétala.

Poema dedicado.

domingo, 13 de outubro de 2013

Aqui, até estátuas voam em executiva.

Boa noite,

Encontro-me num sítio onde até estátuas voam em executiva e não se pense que será o Sir. Vale Azevedo a fazer um juramento de silêncio, em mais uma das suas fugas mirabolantes baseadas no programa documental Presos no Estrangeiro... Nada disso. Ele está preso com o Duarte Lima e com o Oliveira e Costa, é óbvio que para além das orgias, também tem ZON Fibra. 

Falo literalmente, sem qualquer apanágio religioso, de uma estatueta da Virgem Maria que foi escoltada rumo a Roma e ainda por cima viajou em executiva, é cultura geral que todos os caminhos vão lá ter mas julgo haver rotas mais económicas, se não acreditam dirijam-se ao Google Maps. 

Sem querer ser muito agressivo, acho que tais atitudes deveriam ser sempre tomadas, regulando tal tipo de procedimento quando por algum motivo estranho, se reabrem processos de crianças desaparecidas com nacionalidade inglesa. Semelhanças? No dia do desaparecimento a escolta existente era semelhante, aposto. 

Isto não me tinha chateado muito, só que quando me apercebo que os portugueses ficaram cá com a réplica, dá me vontade de partir a boca a alguém, acima de tudo porque sei que houve milhares de pessoas que percorreram imensos quilómetros que apesar de injustificáveis, mereciam ver a original. É quase como ir a Roma e não ver o Papa, esqueçam que estupidez, a estátua viu-o pelos portugueses.

Espero sinceramente, é que o aluguer tenha rendido e que não haja prejuízo. 

De qualquer forma deixo uma pequena ideia, podia-se ter dado arroz a muita gente mas realmente tem outro encanto ver pedra ambulante metida num espetáculo executivo, parabéns!

Apenas penso:



O Intelectual Brejeiro

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Acontece, corvo.

Acaso de quem voa sem destino premeditado, não olhando céus porque os olhos cerram com a força do vento. Voando para o autómato, que tem tudo de nobre, que é o ato de viver, sendo um ser livre de voar para onde e quando quiser.

Abrindo asas, procurando rajadas e ensaiando batalhas perante as gotículas de água que por mais insignificantes que sejam não param de fazer o peso que as evita levantar. Vai o corvo, rumo a uma terra sobre a água e apesar de sem força para levantar, aguenta a queda a pique e vai-se deixando ir constatando-se com a infeliz realidade que o seu fim está próximo, é algo habituado a clima temperado.
Por mais que queira pairar sabe que tal não é possível face aos diferentes ares que surgem em todas as direções e assim reconhece que parar não é mais que uma mera ilusão criada por um reflexo de esperança inútil, onde o seu minúsculo cérebro gerou o seu primeiro pensamento. Corvo, estatelou-se no chão e rapidamente foi reduzido a uma falha de presença em si mesmo.

Prometeu numa próxima, voar. Sim, com os olhos abertos.    

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Portugal que quem conhece, desconhece.

Inglória esta vida.

De um dia para o outro tudo se transforma em grau de areia incaracterístico, moldam-no à medida que passam, deixam profundo, mais ou menos consoante a força de cada um. Vemos realidades que desconhecíamos, confrontamos realidades que nunca antes nossos olhos puseram vista e pensamos puder mudar o mundo. É o poder de quem pode sonhar, a somar dentro de cada um de nós, é força e convicção de que com a nossa presença os rumos mudos por onde a decadência humana por vezes passa possam ser falados em becos de poder. É um olhar para um humano aleatório e dizer-lhe, hoje seja diferente, mude o mundo, quanto mais não seja o seu. É ter medo do individualismo, é ser mais um e é ser Portugal.

Local do mundo, onde quem conhece simplesmente desconhece porque a trivialidade da vida e o azar nunca lhe bateu à porta, como o embriagado deixa quebrar o seu último copo, como o pobre come a última migalha e como o agricultor vê as suas sementes sem vida em terreno árido.

Nunca ninguém disse que aqui seria fácil mas com gente desta, estaremos constantemente na beira de um precipício com vontade de saltar. Quanto mais não seja para ultrapassar esta fronteira.

O Portugal que quem conhece desconhece, é aquele do qual ninguém falar.

Sim, és hipócrita.

sábado, 25 de maio de 2013

Praia


Ludibrio o tempo, olhando em volta procurando escassez de vontade. Noto no ferro ferrugento quente e vejo-me a ficar refém da espera que me proponho no presente. 
Volvido em pensamento auguro que esta vontade não passe, agarrando cevada fresca. Sinto o calor que me faz refém em sítio tão simples. Escapa-me ao olhar uma passagem fortuita, obrigando-me a ficar pela pedra que tapou e alimento-me com o que poderia ser. Ouço o som característico de quem vai e vem naquela imensidão de existência, burburinho e agitação que tiram relaxamento à razão. Agarro em aglomerado de pedra curta que assim não fere e sinto as sensações de algo que se adapta a mim sem pedir. Vou de medo à prova mas revigorado venho, com a vontade de voltar pois bocados de mim por lá começam a cair, com aglomerado nos pés de repente sinto ferimento de vontade, é mau mas bom, dado que sou, seu refém de pensamento. 

Já lá bem no final, sem brio apenas com frio dou por um mais tarde terminado e olhando uma nuvem, sentindo o vento mais o levantar da escuridão. 
Lembro-me, que a bela praia acabou.

Por hoje. 

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Subnutrido parisiense

Boa noite,

Tenho andado ocupado, sim. Só que tal invalidez de tempo não me retira os olhos e ouvidos face ao que se anda a passar no tempo que agora se passa. Ás vezes sinto falta de uma onda de solidariedade por quem mais necessita e para meu espanto aconteceu quando eu menos estava à espera, ou não.

Para tentar perceber melhor como devia interpretar tal ato de luminosidade por parte da inteligência crónica que comandava tal onda, tive que me meter no lugar dos piores portugueses de sempre.

Sim esses, os emigrantes. 

De longe via um país cheio de ambição de emigrante, onde o novo e velho português colocaria tijolo, onde o novo e velho português servia o burguês e onde o novo e velho português habituado a pouco trato sobreviria com meio pão com bolor e tigela de água para se beber e lavar. Este novo e velho português não ambicionava teto mas sim uma telha para começar a construir, este novo e velho português não queria carne mas sim madeira para construir e por fim este novo e velho  português apenas queria uma coisa, o seu velho país para o conseguir construir.

Com um jeito insultuoso facilmente chego à pequena metáfora menos insultuosa que consegui criar, vi debaixo de holofotes miseráveis, entre a intermitência da luz em constante falha,  por baixo de uma manta escarafunchada de desespero e com restos de alguém que por aquele lugar não quis deixar nada.
Um subnutrido parisiense, que via-se bem que tinha passado tudo aquilo que um dia ambicionara mas ao contrário. Identifiquei-o logo pela magreza, nem conseguia fixar o olhar tal era a falta de forças e muito menos se virava para trás porque a coragem tinha fugido da mesma forma que ele fugiu do passado.

Não era sequer português, nem emigrante porque chamar-lhe isso seria insultuoso para quem um dia lutou como nunca para ter algo melhor e trazer algo ainda melhor.

Por isso fico-me agora com uma expressão elogiosa dado que esta pessoa nem sequer deveria ter direito a quaisquer comentários.

Na tua única terra diz-se:

Au revoir, subnutrido parisiense. 


Onze

É uma unidade económico-social, integrada por elementos humanos, materiais e técnicos, que tem o objectivo de obter utilidades através da sua participação no mercado de bens e serviços.

Pensando num destes dias abaixo de uma aura de quaresma andava eu a refletir por trilhos nunca antes percorridos com respiração ofegante, pois lá ia subindo a montanha e sentia o vento empurrando com elogiosas brisas de atrapalho. Lembrava-me a cada passo estridente que rasava em pequena rocha no chão daquele sorriso, daquele choro, daquela irritação, daquela pressão, daquelas pessoas sem nunca antes esquecer aqueles momentos e aqueles afrontamentos que não paravam de surgir.

Via saudade, via esperança, via acreditar e vinha sempre aquele pesar por notar da ausência de quem cá devia estar. Não sabia se era do passado que sentia falta ou o novo presente que me estava a fazer pensar, por fim no meio de tanto baralho talvez até fosse mais medo de não ter futuro, dada a não vontade de acabar. Mãos exploravam o vermelho e sentiam fricção numa corda diferente daquilo que já foi, porém dava para agarrar, tudo era diferente mas a corda permanecia.

Lá  a meio do alto, olhava para baixo, não sentia que tivesse ficado ninguém desaproveitado e nada me fazia mal olhado. Simplesmente o tempo tinha passado e com ele as pessoas mudaram, no entanto, a corda que nos unia estava sempre à mão de agarrar.

Ao alto, não cheguei, so que existe algo que nunca me esquecerei.

Nestes primeiros primeiros ponteiros de vida onde o círculo se percorre a correr, tive a sorte de apanhar sempre gente competente no modo de viver.

Passado, presente ou futuro a instituição está bem entregue e cuidada.

Oxalá continuemos assim, longe de uma definição onde a palavra vida não cabe. 

Para a família:

Avós F. e a toda a sua instituição, obrigado e felicidades.

sábado, 9 de março de 2013

O estado da sorte

Boa noite,

Depois de um tempo ausente não consigo deixar de reparar na sorte que tenho de ter ganho novamente vontade para escrever no meu blog. É uma grande frase feita e tudo isto seria bonito se eu não tivesse descoberto de forma bruta que afinal agora até a sorte tem impostos associados.
Pensei logo, como vou justificar esta sorte perante as finanças?
Pois, não vou. Como português que sou tentei fazer de outra forma, pensei que tivesse sido uma ideia de génio mas não passou de uma verdadeira parvoíce.
Lá declarei que azar que tive de voltar a escrever no meu blog e quando vou a fazer as contas aquilo que receberia nem daria para ir buscar ao sítio correto o que supostamente iria receber por tanto azar.

Parecia tentado ao falhanço e a desistência de tentar atribuir sorte ou azar ao meu estado atual estava a tornar-se uma missão intragável, até que cheguei a uma conclusão e tomei uma atitude que me deixou completamente isento de responsabilidade. Sim, foi como se faz na política. Passo a citar em baixo:

- Declaro que estou a escrever no meu blog, admitindo que a minha boa sorte de ter ganho vontade para voltar a escrever se deve a Passos e Gaspar. Sem esquecer ainda que tal atitude da minha parte irá permitir a estes indivíduos de usufruir de um azar tremendo de eu estar a falar deles.

E assim se escapa, um bom português.

PS: Não sou arguido no processo face oculta.

Cumprimentos aos interessados.

Toma, princesa.

Olho o vento
Especado a sentir
Não vejo momento
Para ir...

Brisa urge
Sem fugir
Com algo para sentir

Procuro a sensação, sim...
Só que vejo um fundo escuro
Diria melhor, abatimento duro

De quem não vê o dia
Sem a presença do raio de sol
Que me ofusca os olhos
Mas me dá conforto de vida

Como o calor de abraço
Como o calor de beijo
Como o calor de olhar
Que encontrou o seu perfeito eixo

Ouço o mexer das chaves
Sem procrastinação sonora
E o seu reflexo em meus olhos brilhantes
Cegando de desejo
Por mais que queira sentir
Não te vejo!

Confuso,
Toco, toco, toco, toco...
Sem resultado.

Desistindo,
Estendo o braço
Com a mão aberta
Em valsa com os meus olhos cerrados

Sem esquecer,
o frio ferro que sinto
Deixando marca de algo que nunca passa
E garanto-vos que não minto...

Sem tempo,
A Tua mão passa em mim
Não procurava brilho...
Procurava-te a ti

Porque as chaves apenas esperavam que viesses.

Porque era a ti que queria entregar:

- Toma, princesa.

O frio de rua
Já lá ia
Tínhamos entrado, pois a chave nunca deixou de ser tua.

Xavier Vieira