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domingo, 22 de julho de 2012

Não apontem, é feio.

Boa noite.

Todos os dias tenho tendência a notar alguns erros de casting que a sociedade portuguesa tem nos seus costumes e na forma como educa os seus cidadãos. Hoje encontrei um!
Depois de pensar de forma superficial, pude constatar que podia estar na presença de uma pequena coisa que transforma a nossa sociedade naquilo que ela é. 
Talvez tenha encontrado, o porquê do português ser o primeiro a conformar-se e a deixar a indignação para o seu interior. Deixando aquele remoinho de vontades manifestar-se de forma irritante nas proximidades do seu estômago. 
Decidi então formular um ponto de vista um pouco redutor acerca do que depende a educação de um ser.
E de quem é toda a culpa?
É daquilo que os nossos pais nos ensinaram quando eramos pequenos. Lembro-me dos recônditos da minha infância e consigo interpolar-me até chegar à génese de tudo isto, a simples expressão "Não apontes que é feio!". 

Passeava pela calçada com todo o ar de ingénuo e via um senhor a pedir, surgia-me repentinamente sem pensamento nem raciocínio preparado, a dúvida. De seguida perguntava à minha mãe, apontando. Ela corrigia-me e dizia "Não apontes que é feio!", depois lá me tentava explicar o porquê daquele senhor estar ali. 

No fundo não tinha percebido bem o que se tinha passado, porque é que o meu apontar de dúvida e perceber que algo estava diferente, era errado?

Reprimir um ato tão natural como o apontar é errado, para mim esta atitude corresponde ao primeiro ato de grande responsabilidade cívica, onde a curiosidade leva à questão do porquê de algo ser diferente daquilo que é apelidado de comum.

O reprimir do ato consequentemente, leva a uma falta de frontalidade que está inserida na nossa sociedade de forma tão chata que até irrita.

"Não reclames. Não apontes. Não fales. Não penses assim. Não digas nada. Está calado que não é nada contigo." 

São alguns dos exemplos que infelizmente levam-nos ao rodopio de austeridade a que estamos sujeitos, porque aparentemente quando era preciso apontar e provocar desconforto a alguém, chegou-se alguém à frente e disse:

- Não apontes que é feio. 

Frase que interiormente, estou a ouvir na minha mente em uníssono com o acabamento deste texto. 

Ao que eu lhe respondo:

-  É feio mas tem que se fazer, porque senão o fizer mais feio isto fica. 

 
Cumprimentos aos interessados.


2 comentários:

  1. Yes, vou estrear a zona de comentários do blog do Xavi :D

    De todos os que escreveste até à data, este é o meu preferido porque pegaste num gesto simples para criticar a forma como educamos os mais jovens e as normas na sociedade. Pessoalmente também teria feito referência ao "Quem está mal, muda-se", mas isso sou eu que tenho mais ódio aos provérbios.

    Boa sorte, Baco - não sei se esse é o teu pseudónimo ou heterónimo, devias esclarecer isso num post futuro :p

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    1. Quem diria o Nuno a estrear a minha zona de comentários!
      Sei que não fui muito rápido a responder-te mas cá estou.
      Sem dúvida Nuno, a essência do texto era exatamente essa. Provocar na pessoa o lembrar de mais uma expressão que limita porque infelizmente não me consigo lembrar de todas. (são muitas e então provérbios nem se fala!)

      Baco, heterónimo ou pseudónimo!?
      Gosto demasiado do meu nome e voltaste a acertar em cheio. Será esclarecido num post futuro, primeiro necessito de estabelecer uma relação de hipócrita confiança com os meus leitores ;)
      Obrigado pelo comentário, porta-te bem!

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